sábado, 8 de novembro de 2014

Economia e sangue - capítulo 1 (reedição)




Mais uma vez ficamos engarrafados em mais uma via principal de mais uma mega-cidade qualquer.

- Um acidente - disseram, mas não passava de uma avalanche de criancinhas iraquianas decepadas, de um qualquer camião da BP. – Andam de barriga cheia, e depois admiram-se – cuspo eu com grande sabedoria, na exacta direcção do condutor.

-Apertem mas é os cintos, que esta merda vai girar – arranha o meu excelso condutor, enquanto sacode a verga das mudanças. E disparamos pela sangrenta auto-via, guinando e chiando com grande euforia, logo seguidos por dezenas de veículos provocados por tal desempenho motorizado.

Ao todo, segundo o jornal das 10 da manha, 10 carros se despistaram na coagulada estrada, sete pessoas morreram, três ficaram tetraplégicos, e um deixou de foder para sempre. Mas nós estávamos à frente, e em 15 minutos chegámos ao trabalho.

Mais um dia começou. Que tédio… Nada acontece na minha vida.