tirado de O Decrescimento.blogspot
O decrescimento pode ter continuidade na vida pessoal de cada um através da escolha da simplicidade voluntária. Uma iniciativa individual que leva a acções colectivas.
Face aos problemas que afectam o nosso planeta, o decrescimento não é uma opção entre outras, é necessária. Não podemos impor um crescimento ilimitado a um planeta, a Terra, fechado e limitado. De facto, um tal crescimento assenta na utilização sempre maior dos recursos do planeta e gera resíduos cada vez mais abundantes; ora, neste momento, já ultrapassamos a capacidade de produção da Terra; consumimos o capital terrestre em vez de aproveitarmos os seus frutos; consumimos a capacidade da Terra de utilizar as suas multiplas substâncias químicas devido às invenções humanas, e para as quais a natureza não tem mecanismos suficientes de metabolização. Resultado: o equilíbrio do planeta tal como o conhecemos e tal como o necessitamos para a nossa sobrevivência está ameaçado a curto prazo. Vinte anos, cinquenta anos, cem anos até que os desastres batam à porta? A maioria vê esta ameaça muito longínqua, apesar de o seu modo de vida estar já, directa ou indirectamente, a ser afectado. E que são estes poucos anos na história da Terra, que data de milhões de anos, ou na história da humanidade, que conta centenas de milhares de anos? À escala de uma vida humana, a história da humanidade vive, talvez, os seus últimos segundos. E que fazemos face a esta perspectiva? Os que podem, consumem cada vez mais, os que não podem aspiram chegar lá o mais rapidamente possível. E os nossos governos puxam a maquina à sua capacidade máxima: “é preciso manter um crescimento contínuo para conseguir criar empregos e suportar o aumento constante do consumo.”.
O decrescimento escolhido ou imposto
Encontramo-nos, neste momento, num cruzamento de caminhos. Para os que conservaram uma certa lucidez, está claro que vamos atingir brevemente os limites inultrapassáveis do uso dos recursos do planeta. Acreditar que a ciência e da tecnologia podem fazer recuar indefinidamente os limites do consumo é apenas um mito perigoso. Os limites estão à nossa porta e são quase inevitáveis; a única dúvida está na ordem da sua entrada em cena. Veremos os nossos filhos criar monstros às custas de todas as substâncias mutagénicas que absorvem todos os dias através do ar que respiram, da água que bebem e dos alimentos que ingerem? A menos que já sejam estéreis, a baixa de produção de espermatozóides já está bem estabelecida no mundo industrializado... As mudanças climáticas transformarão os nossos países em desertos ou em pântanos? (...)
Claro, se nada for feito, e rapidamente, o momento de agir peremptoriamente vai chegar. Face às catástrofes os governos não terão escolha. Mas que tipo de sociedade será construída? Sociedades autoritárias com medidas restritivas impostas à maioria, mas decididas no topo, e podemos estar certos que estas beneficiarão os poderosos. A sociedade desigual arrisca de se tornar ainda mais mal concebida, com privilégios cada vez maiores para uma minoria.
Felizmente, no norte como no sul, mulheres e homens perceberam que globalmente estamos no caminho errado, que a via da mundialização que nos é apresentada como desejável e inegável leva-nos directamente à catástrofe. Perceberam também que já nada há a esperar dos governos, comprometidos e dominados pelo dinheiro. As nossas, assim chamadas, democracias ocidentais nada têm de democrático.
Quando nos perguntaram antes de enviar soldados bombardear o Iraque ou o Kosovo? Antes que os alimentos geneticamente modificados terem invadido as prateleiras dos supermercados? Antes de mudar as regras do subsidio de desemprego? Antes de dar cabo do nosso sistema ferroviário? De facto, antes de tomarem todas estas decisões que afectam directamente as nossas vidas? Os que decidem por nós estão comprados pelas classes de capitalistas internacionais. A população aceita esta situação porque se deixa subverter pela forte máquina ideológica do capitalismo.
O maior perigo neste momento é a passividade. Apresentam-nos a mundialização como uma tendência inevitável, dizem-nos que depois do fracasso do socialismo, o capitalismo e a lei de mercado é a única via possível. Nada disto é verdade. Sem conhecer todas as soluções aos problemas sociais e ambientais com que nos deparamos, sem ter uma visão precisa do que será a sociedade ideal. Há certamente outras vias de acção que permitam o progresso para uma eco-sociedade, uma sociedade em que os humanos vivam em harmonia entre eles e a natureza. Em suma, trata-se de abolir a submissão à economia e criar uma sociedade que favoreça o bem-estar completo de todos os seus membros.
Como fazer estas mudanças? Não tenho a pretensão de conhecer A estratégia a adoptar que nos leve a essa sociedade desejável onde todas e todos possam viver convenientemente, em comunidades solidárias onde os seus filhos poderão, mais tarde, viver. Mas a minha longa experiência de militância, as minhas numerosas leituras e as minhas longas horas de reflexão levaram-me à estratégia que se segue. Acredito que por agora é necessário por em marcha acções em três frentes, que estão, aliás, intimamente ligadas:
1)Libertar-se do sistema: a cada um de tomar as medidas de forma a sair da cadeia de sobre-consumo- necessidade de ganhar muito dinheiro- stress e cansaço- passividade. A simplicidade voluntária é uma via que permite reencontrar tempo para viver e agir.
2)Unir-se para fazer mais com menos: desenvolvendo as nossas comunidades locais, criarmos serviços que permitem viver melhor a menor custo e que respondam melhor à totalidade das necessidades.
3)Criar organizações nacionais e internacionais eficazes que permitam que a nossa voz seja ouvida alto e bom som para impedir os governos de continuar esta via neoliberal.
Não tenhamos ilusões, o capitalismo não cederá facilmente. Ao poder do dinheiro devemos opor-nos com poder dos números, da imaginação e da tenacidade.
Não tenho intenção de desenvolver aqui as duas últimas acções, mas não gostaria que se pense que é por as julgar menos importantes.
Serge Mongeau
Vers la simplicité volontaire em http://www.decroissance.org/
Face aos problemas que afectam o nosso planeta, o decrescimento não é uma opção entre outras, é necessária. Não podemos impor um crescimento ilimitado a um planeta, a Terra, fechado e limitado. De facto, um tal crescimento assenta na utilização sempre maior dos recursos do planeta e gera resíduos cada vez mais abundantes; ora, neste momento, já ultrapassamos a capacidade de produção da Terra; consumimos o capital terrestre em vez de aproveitarmos os seus frutos; consumimos a capacidade da Terra de utilizar as suas multiplas substâncias químicas devido às invenções humanas, e para as quais a natureza não tem mecanismos suficientes de metabolização. Resultado: o equilíbrio do planeta tal como o conhecemos e tal como o necessitamos para a nossa sobrevivência está ameaçado a curto prazo. Vinte anos, cinquenta anos, cem anos até que os desastres batam à porta? A maioria vê esta ameaça muito longínqua, apesar de o seu modo de vida estar já, directa ou indirectamente, a ser afectado. E que são estes poucos anos na história da Terra, que data de milhões de anos, ou na história da humanidade, que conta centenas de milhares de anos? À escala de uma vida humana, a história da humanidade vive, talvez, os seus últimos segundos. E que fazemos face a esta perspectiva? Os que podem, consumem cada vez mais, os que não podem aspiram chegar lá o mais rapidamente possível. E os nossos governos puxam a maquina à sua capacidade máxima: “é preciso manter um crescimento contínuo para conseguir criar empregos e suportar o aumento constante do consumo.”.
O decrescimento escolhido ou imposto
Encontramo-nos, neste momento, num cruzamento de caminhos. Para os que conservaram uma certa lucidez, está claro que vamos atingir brevemente os limites inultrapassáveis do uso dos recursos do planeta. Acreditar que a ciência e da tecnologia podem fazer recuar indefinidamente os limites do consumo é apenas um mito perigoso. Os limites estão à nossa porta e são quase inevitáveis; a única dúvida está na ordem da sua entrada em cena. Veremos os nossos filhos criar monstros às custas de todas as substâncias mutagénicas que absorvem todos os dias através do ar que respiram, da água que bebem e dos alimentos que ingerem? A menos que já sejam estéreis, a baixa de produção de espermatozóides já está bem estabelecida no mundo industrializado... As mudanças climáticas transformarão os nossos países em desertos ou em pântanos? (...)
Claro, se nada for feito, e rapidamente, o momento de agir peremptoriamente vai chegar. Face às catástrofes os governos não terão escolha. Mas que tipo de sociedade será construída? Sociedades autoritárias com medidas restritivas impostas à maioria, mas decididas no topo, e podemos estar certos que estas beneficiarão os poderosos. A sociedade desigual arrisca de se tornar ainda mais mal concebida, com privilégios cada vez maiores para uma minoria.
Felizmente, no norte como no sul, mulheres e homens perceberam que globalmente estamos no caminho errado, que a via da mundialização que nos é apresentada como desejável e inegável leva-nos directamente à catástrofe. Perceberam também que já nada há a esperar dos governos, comprometidos e dominados pelo dinheiro. As nossas, assim chamadas, democracias ocidentais nada têm de democrático.
Quando nos perguntaram antes de enviar soldados bombardear o Iraque ou o Kosovo? Antes que os alimentos geneticamente modificados terem invadido as prateleiras dos supermercados? Antes de mudar as regras do subsidio de desemprego? Antes de dar cabo do nosso sistema ferroviário? De facto, antes de tomarem todas estas decisões que afectam directamente as nossas vidas? Os que decidem por nós estão comprados pelas classes de capitalistas internacionais. A população aceita esta situação porque se deixa subverter pela forte máquina ideológica do capitalismo.
O maior perigo neste momento é a passividade. Apresentam-nos a mundialização como uma tendência inevitável, dizem-nos que depois do fracasso do socialismo, o capitalismo e a lei de mercado é a única via possível. Nada disto é verdade. Sem conhecer todas as soluções aos problemas sociais e ambientais com que nos deparamos, sem ter uma visão precisa do que será a sociedade ideal. Há certamente outras vias de acção que permitam o progresso para uma eco-sociedade, uma sociedade em que os humanos vivam em harmonia entre eles e a natureza. Em suma, trata-se de abolir a submissão à economia e criar uma sociedade que favoreça o bem-estar completo de todos os seus membros.
Como fazer estas mudanças? Não tenho a pretensão de conhecer A estratégia a adoptar que nos leve a essa sociedade desejável onde todas e todos possam viver convenientemente, em comunidades solidárias onde os seus filhos poderão, mais tarde, viver. Mas a minha longa experiência de militância, as minhas numerosas leituras e as minhas longas horas de reflexão levaram-me à estratégia que se segue. Acredito que por agora é necessário por em marcha acções em três frentes, que estão, aliás, intimamente ligadas:
1)Libertar-se do sistema: a cada um de tomar as medidas de forma a sair da cadeia de sobre-consumo- necessidade de ganhar muito dinheiro- stress e cansaço- passividade. A simplicidade voluntária é uma via que permite reencontrar tempo para viver e agir.
2)Unir-se para fazer mais com menos: desenvolvendo as nossas comunidades locais, criarmos serviços que permitem viver melhor a menor custo e que respondam melhor à totalidade das necessidades.
3)Criar organizações nacionais e internacionais eficazes que permitam que a nossa voz seja ouvida alto e bom som para impedir os governos de continuar esta via neoliberal.
Não tenhamos ilusões, o capitalismo não cederá facilmente. Ao poder do dinheiro devemos opor-nos com poder dos números, da imaginação e da tenacidade.
Não tenho intenção de desenvolver aqui as duas últimas acções, mas não gostaria que se pense que é por as julgar menos importantes.
Serge Mongeau