quarta-feira, 16 de junho de 2010

O CAPITALISMO SOMOS NÓS parte V e VI



V
Nós todos os que aqui estamos participamos nesta mentira (dinheiro). Vivemos nela. Os nossos gestos de todos os dias são cúmplices da sua criação e aprofundamento.

O capitalismo como o conhecemos hoje é uma estória que foi sendo criada a partir dos momentos mais violentos e criativos da humanidade. Alimenta-se das suas guerras e revoluções para se perpetuar e aperfeiçoar. Para construir todo um sistema de defesa de um modo de vida que é o seu.

O lazer, as polícias, as férias pagas, o trabalho, o exército, os salários, a economia como gestão permanente da crise, os engates, os copos, os carrões, hollywood, os partidos, os sindicatos, o simulacro de decisão a que chamam eleições, as esplanadas na praia, a publicidade, a bolsa e as agências de rating, a europa, são tudo instâncias de defesa desse modo de vida a que chamam capitalismo.

Curiosamente uma proporção desastrosa da humanidade dedica o seu tempo de trabalho a essas actividades, que no fundo servem apenas para garantir que acreditamos o suficiente na sua mentira. O suficiente para que possamos continuar a ler verdades básicas e simples atrás recordadas (II) como uma compilação de ingenuidades.

VI
Desse modo, aqueles que considerem que o capitalismo, mais do que os servir, se serve deles, terão de organizar a sua autonomia e liberdade. Abandonar os supermercados, as fábricas, as empresas, os bancos, as torres de comunicação.

Recuperar as ruas, ocupar os espaços, desertar da economia global.

Como resposta à crise que inventaram para nós, organizemos a greve não anunciada por tempo indeterminado, ou o boicote e sabotagem por parte dos precários, trabalhadores já despojados de todo o direito, a expropriação das terras abandonadas à caça desportiva, a autogestão dos meios de subsistência e a sua distribuição, o derrubar do império global e o erguer da economia social e local, a proliferação das novas estórias.

O capitalismo dá-nos a escolher entre a miséria e o trabalho com a promessa de um futuro de conforto que nunca chega.

A revolta oferece-nos um presente de incerteza que contém a maior aventura que um ser humano se pode oferecer: Organizar a sua vida autonomamente com os seus amigos e vizinhos.