sábado, 16 de agosto de 2014

Salvar

Acordo fresco e pronto para mais um dia radiante na Lisboa que acontece.
E, como contribuinte atento e socialmente consciente, pergunto-me: 
Que banco irei eu hoje salvar?

Turístico Oceano


Assim que piso a rua, acontece outra vez.
Uma cotovelada numa Cannon, um empurrão numa Nikon, um rosnar para uma Casio, e um raspanço de barriga numa Sony.

O tempo não podia estar pior.
Uma maré alta de turistas barra o meu caminho para o emprego.
Lisboa na moda, Lisboa no fundo do poço, Lisboa à venda.

Sôfregamente empurro, abro caminho, escavo caminho, perco o meu caminho.

Desesperadamente, subo ancas, barrigas, ombros, cabeças, tento elevar-me acima desse mar de Lazer, duma classe média mundial à qual nunca pertencerei. À qual não tenho autorização de pertencer.

Subo, lutando contra correntes de gente relaxada, ou em processo de relaxamento, procurando sobreviver, trabalhar, pagar o que como, lutar para comer.

E para onde corro eu, através desse turístico oceano que inflama Lisboa?
Para a recepção de um hotel.