sexta-feira, 14 de setembro de 2012

domingo, 9 de setembro de 2012

Apaixonada Subserviência






Os nossos políticos, quando no governo, sempre tiveram uma clara atitude de obediência para com os grandes poderes estrangeiros.

O melhor exemplo, na minha opiniao, está num politico que, até ao final dos anos noventa, ninguem reparava muito nele, sendo uma figura secundária relativamente aos governos de Cavaco e Silva.

Falo aqui de José Durão Barroso. Após os governos de Guterres, foi eleito primeiro ministro, e logo nas primeiras 3 semanas liberalizou os preços dos combustíveis fósseis. E a partir daqui, as gasolineiras fizeram o que bem entenderam.

Não esquecendo aquele fantástico episódio nos Açores, onde se juntou a G.W. Bush, Tony Blair e Aznar, prontinho para lançar a Guerra sobre o Iraque, sem a minima consulta ou aviso prévio ao povo Português.

Resultado: foi escolhido para Presidente da Comissao Europeia, cargo que ainda ocupa hoje. Para tal só teve de abandonar Portugal nas mãos de Santana Lopes, cumprindo apenas 2 anos de mandato, e abrindo assim o caminho para Sócrates.

Este é o herói dos nossos politicos. 
Obedece aos grandes, e vencerás na vida. O lugar de presidente da comissão europeia está tomado, mas quem sabe um lugarzinho no FMI, ou no BCE.
Já Guterres, que era obediente mas demasiado “bonzinho”, foi recompensado com um lugar como embaixador dos refugiados na ONU, cargo “bonzinho”, mas insignificante para os nossos políticos.

Tendo tudo isto em conta, penso que se percebe melhor a conduta do actual primeiro ministro português, que muitos já apelidam de “mais troikista que a Troika”. Muito mais que uma simples obediência, trata-se de uma Apaixonada Subserviência cheia de fervor ideológico neo-liberal.

Existe um futuro radiante lá fora para ser conquistado. Afinal quem quer saber deste pequeno jardim, á beira mar endividado.

Sem nos livrar-mos desta classe política mercenária, o futuro do povo português é negro, admitindo que ainda haja algum futuro.

E as soluções pacíficas parecem claramente esgotadas

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Uma forca da Natureza




O amor é como o mar.
Uma forca da Natureza.

Mar imenso, nos teus seios encontrei alimento sem fim. No teu abraço renasci incontáveis vezes.
Em tuas suaves ondas fui amado, cuidado.
Amigos e amantes descobri em todas as tuas praias, temperado pelo sal, nutrido pelo sol. Em tuas correntes descobri os horizontes depois do horizonte.

Belo e poderoso Mar, que me tentas a sonhar, a experimentar ser feliz.


Terrível, impiedoso Mar, que me arrancas a carne para teus ferozes filhos.
Em ti morri incontáveis vezes. Nas tuas correntes perdi de vista a terra dos pais. 
Porque me quebras os ossos nas tuas falésias? Porque me sufocas sobre o peso da tuas tempestuosas ondas? 

Medonho Mar, que me faz sonhar, para tudo levar consigo. Só a dor restou, o amargo sal, cozinhado pela raiva do sol.

terça-feira, 31 de julho de 2012

poema partido

partidos os seios
partidos os ossos

partidas as casas
partidos os empregos

partida a vida


terça-feira, 15 de maio de 2012

10 Técnicas de Manipulação de Massas, de Noam Chomsky






1 – A ESTRATÉGIA DA DISTRAÇÃO-
O elemento primordial do controle social é a estratégia da distracção que consiste em desviar a atenção do público dos problemas importantes e das mudanças decididas pelas elites políticas e económicas, mediante a técnica do dilúvio ou inundações de contínuas distracções e de informações insignificantes. A estratégia da distracção é igualmente indispensável para impedir ao público de interessar-se pelos conhecimentos essenciais, na área da ciência, da economia, da psicologia, da neurobiologia e da cibernética. "Manter a atenção do público distraída, longe dos verdadeiros problemas sociais, cativada por temas sem importância real. Manter o público ocupado, ocupado, ocupado, sem nenhum tempo para pensar; de volta à granja como os outros animais (citação do texto 'Armas silenciosas para guerras tranquilas').


2 – CRIAR PROBLEMAS, DEPOIS OFERECER SOLUÇÕES
Este método também é chamado "problema-reacção-solução". Cria-se um problema, uma "situação" prevista para causar certa reacção no público, a fim de que este seja o mandante das medidas que se deseja fazer aceitar. Por exemplo: deixar que se desenvolva ou se intensifique a violência urbana, ou organizar atentados sangrentos, a fim de que o público seja o mandante de leis de segurança e políticas em prejuízo da liberdade. Ou também: criar uma crise económica para fazer aceitar como um mal necessário o retrocesso dos direitos sociais e o desmantelamento dos serviços públicos.


3 – A ESTRATÉGIA DA GRADAÇÃO
Para fazer com que se aceite uma medida inaceitável, basta aplicá-la gradativamente, a conta-gotas, por anos consecutivos. É dessa maneira que condições socioeconómicas radicalmente novas (neoliberalismo) foram impostas durante as décadas de 1980 e 1990: Estado mínimo, privatizações, precariedade, flexibilidade, desemprego em massa, salários que já não asseguram ingressos decentes, tantas mudanças que haveriam provocado uma revolução se tivessem sido aplicadas de uma só vez.


4 – A ESTRATÉGIA DO DEFERIDO
Outra maneira de se fazer aceitar uma decisão impopular é a de apresentá-la como sendo "dolorosa e necessária", obtendo a aceitação pública, no momento, para uma aplicação futura. É mais fácil aceitar um sacrifício futuro do que um sacrifício imediato. Primeiro, porque o esforço não é empregado imediatamente. Em seguida, porque o público, a massa, tem sempre a tendência a esperar ingenuamente que "tudo irá melhorar amanhã" e que o sacrifício exigido poderá ser evitado. Isto dá mais tempo ao público para acostumar-se com a idéia de mudança e de aceitá-la com resignação quando chegue o momento.

5 – DIRIGIR-SE AO PÚBLICO COMO CRIANÇAS DE BAIXA IDADE
A maioria da publicidade dirigida ao grande público utiliza discurso, argumentos, personagens e entonação particularmente infantis, muitas vezes próximos à debilidade, como se o espectador fosse um menino de baixa idade ou um deficiente mental. Quanto mais se intente buscar enganar ao espectador, mais se tende a adoptar um tom infantilizante. Por quê?"Se você se dirige a uma pessoa como se ela tivesse a idade de 12 anos ou menos, então, em razão da sugestionabilidade, ela tenderá, com certa probabilidade, a uma resposta ou reacção também desprovida de um sentido crítico como a de uma pessoa de 12 anos ou menos de idade (ver "Armas silenciosas para guerras tranquilas")".


6 – UTILIZAR O ASPECTO EMOCIONAL MUITO MAIS DO QUE A REFLEXÃO
Fazer uso do aspecto emocional é uma técnica clássica para causar um curto-circuito na análise racional, e por fim ao sentido critico dos indivíduos. Além do mais, a utilização do registo emocional permite abrir a porta de acesso ao inconsciente para implantar ou enxertar ideias, desejos, medos e temores, compulsões, ou induzir comportamentos...


7 – MANTER O PÚBLICO NA IGNORÂNCIA E NA MEDIOCRIDADE
Fazer com que o público seja incapaz de compreender as tecnologias e os métodos utilizados para seu controle e sua escravidão. "A qualidade da educação dada às classes sociais inferiores deve ser a mais pobre e medíocre possível, de forma que a distância da ignorância que paira entre as classes inferiores às classes sociais superiores seja e permaneça impossível para o alcance das classes inferiores (ver 'Armas silenciosas para guerras tranquilas’).


8 – ESTIMULAR O PÚBLICO A SER COMPLACENTE NA MEDIOCRIDADE
Promover ao público a achar que é moda o fato de ser estúpido, vulgar e inculto...


9 – REFORÇAR A REVOLTA PELA AUTOCULPABILIDADE
Fazer o indivíduo acreditar que é somente ele o culpado pela sua própria desgraça, por causa da insuficiência de sua inteligência, de suas capacidades, ou de seus esforços. Assim, ao invés de rebelar-se contra o sistema económico, o individuo se auto-desvalida e culpa-se, o que gera um estado depressivo do qual um dos seus efeitos é a inibição da sua acção. E, sem acção, não há revolução!



10- CONHECER MELHOR OS INDIVÍDUOS DO QUE ELES MESMOS SE CONHECEM
No transcorrer dos últimos 50 anos, os avanços acelerados da ciência têm gerado crescente brecha entre os conhecimentos do público e aquelas possuídas e utilizadas pelas elites dominantes. Graças à biologia, à neurobiologia e à psicologia aplicada, o "sistema" tem desfrutado de um conhecimento avançado do ser humano, tanto de forma física como psicologicamente. O sistema tem conseguido conhecer melhor o indivíduo comum do que ele mesmo conhece a si mesmo. Isto significa que, na maioria dos casos, o sistema exerce um controle maior e um grande poder sobre os indivíduos do que os indivíduos a si mesmos.


quinta-feira, 26 de abril de 2012

quarta-feira, 25 de abril de 2012

«por uma vida melhor»



Há muitos tipos de ditadura. Tantos, que às vezes se veste com o nosso dia-a-dia e é fácil perder a noção de que se vive sob uma. Todas as ditaduras têm duas coisas em comum. Primeira: o poder executivo confunde-se com o poder legislativo, isto é, quem faz as leis é também quem executa. Segunda: as ditaduras surgem sempre em nome dum valor qualquer que se supõe ser mais importante que todos os outros. É por isso que na política, no Amor, assim como em tudo na vida, é fácil cair em tentação ditadura.
Por exemplo, até ao dia 25 de Abril de 1974 vivemos, em Portugal, na ditadura dum pequeno-fascista. Uma ditadura da direita social, portanto. Matou-se, prendeu-se e torturou-se, tudo em nome de valores tão falaciosos como Deus, Pátria e uma família sem pensadores e sem vontades. Nem Deus, se existisse, nem nenhuma pátria ou família, dependeriam uma vez que fosse dum regime que pode, quer e manda.
Actualmente vivemos uma Ditadura diferente. A dos Mercados e do capitalismo selvagem. Uma ditadura da Direita Económica, portanto. Leva-se pessoas à fome, à miséria e ao desespero, tudo em nome duma suposta Democracia. As pessoas votam e pensam que controlam tudo. Só que não controlam nada. Zero. O voto está sempre viciado à partida, principalmente através duma Educação que não o é, e também do contexto mediático.
As ditaduras de Estado, neste aspecto, são muito parecidas com as ditaduras no Amor. Aquelas em que, por exemplo, nasce a violência doméstica. Agride-se e tortura-se uma pessoa durante anos a fio, tudo em nome do Amor. Uma mulher pensa que é Amada, mas de facto não o é. Zero. O Amor está viciado à partida por uma relação de posse, de propriedade da pessoa como se ela fosse uma coisa. E sim, eu sei que também pode acontecer com um homem.
O Amor não existe em nenhuma ditadura. Nem o Amor, nem mais nada. Todos os dias luto, com as limitações que tenho, para que se faça um 25 de Abril nesta nova ditadura em que vivemos, ou melhor, em que sofremos. São os recibos verdes, é a falta de acessibilidade à saúde, à educação, à mobilidade e aos recursos naturais. É a fome e o desemprego propositado. Olho para este país e só vejo ditadura e o consentimento de quem é agredido todos os dias.
Pode haver quem não perceba isso, mas o 25 de Abril que eu quero ver neste país é o mesmo 25 de Abril que eu vejo no meu Amor. É justo, sem violência e sem propriedade privada. É igual em ambos os sentidos. É Amor. Por uma vida melhor.

bagaço amarelo

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Educacao em Portugal


Perigosos terroristas foram devidamente apreendidos e fisicamente punidos na Fontinha, no Porto, pelos ignobeis crimes de aulas de yoga, ingles, cuidados infantis, jantares populares e outras perigosas e subversivas actividades.

Gloria ao estado portugues pela sua constante atencao ao nosso bem estar e ao nosso futuro. Gloria as nossas forcas policiais, que tao bem cuidam e protegem as nossas criancas e seus professores.

Maos ao alto, gloria a deus, patria e familia.

(gloriosas imagens aqui, e aqui)

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Nada tenho de meu



Um diário de viagem ficcionado no Extremo Oriente


Fonte: PÚBLICO





O realizador português Miguel Gonçalves Mendes e os escritores brasileiros Tatiana Salem Levy e João Paulo Cuenca viajaram até ao Extremo Oriente para uma troca de experiências com artistas e pensadores de Macau, Hong Kong, Vietname, Cambodja e Tailândia. Desse contacto, que surgiu depois dos três autores terem sido convidados a estar presentes no 1º Festival Literário de Macau - Rota das Letras, nascerá a série de vídeos "Nada tenho de meu", descrita como "uma mistura de caderno de viagens e ficção" que o Público Online publicará.

quarta-feira, 14 de março de 2012

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

A vingança do anarquista

A vingança do anarquista

Se as pessoas sentem que dão — trabalho, estudo, impostos — e não recebem nada em troca, o governo está a trabalhar para a sua deslegitimação.

Aqui há tempos havia um enigma. Como podiam os mercados deixar a Bélgica em paz quando este país tinha um défice considerável, uma dívida pública maior do que a portuguesa e, ainda por cima, estava sem governo? Entretanto os mercados abocanharam a Irlanda e Portugal, deixaram a Itália em apuros, ameaçaram a Espanha e mostram-se capazes de rebaixar a França. E continuaram a não incomodar a Bélgica. Porquê? Bem, — como explica John Lanchester num artigo da última London Review of Books — a economia belga é das que mais cresceu na zona euro nos últimos tempos, sete vezes mais do que a economia alemã. E isto apesar de estar há dezasseis meses sem governo.

Ou melhor, corrijam essa frase. Não é “apesar” de estar sem governo. É graças — note-se, graças — a estar sem governo. Sem governo, nos tempos que correm, significa sem austeridade. Não há ninguém para implementar cortes na Bélgica, pois o governo de gestão não o pode fazer. Logo, o orçamento de há dois anos continua a aplicar-se automaticamente, o que dá uma almofada de ar à economia belga. Sem o choque contracionário que tem atacado as nossas economias da austeridade, a economia belga cresce de forma mais saudável, e ajudará a diminuir o défice e a pagar a dívida.

A Bélgica tornou-se assim num inesperado caso de estudo para a teoria anarquista. Começou por provar que era possível um país desenvolvido sobreviver sem governo. Agora sugere que é possível viver melhor sem ele.
Isto é mais do que uma curiosidade.

Vejamos a coisa sob outro prisma. Há quanto tempo não se ouve um governo ocidental — europeu ou norte-americano — dar uma boa notícia? Se olharmos para os últimos dez anos, os governos têm servido essencialmente para duas coisas: dizer-nos que devemos ter medo do terrorismo, na primeira metade da década; e, na segunda, dizer-nos que vão cortar nos apoios sociais.

Isto não foi sempre assim. A seguir à IIa. Guerra Mundial o governo dos EUA abriu as portas da Universidade a centenas de milhares de soldados — além de ter feito o Plano Marshall na Europa onde, nos anos 60, os governos inventaram o modelo social europeu. Até os governos portugueses, a seguir ao 25 de abril, levaram a cabo um processo de expansão social e inclusão política inédita no país.

No nosso século XXI isto acabou. Enquanto o Brasil fez os programas “Bolsa-Família” e “Fome Zero”, e a China investe em ciência e nas universidades mais do que todo o orçamento da UE, os nossos governos competem para ver quem é mais austero, e nem sequer pensam em ter uma visão mobilizadora para oferecer às suas populações.

Ora, os governos não “oferecem” desenvolvimento às pessoas; os governos, no seu melhor, reorganizam e devolvem às pessoas a força que a sociedade já tem. Se as pessoas sentem que dão — trabalho, estudo, impostos — e não recebem nada em troca, o governo está a trabalhar para a sua deslegitimação.

No fim do século XIX, isto foi também assim. As pessoas viam que o governo só tinha para lhes dar repressão ou austeridade. E olhavam para a indústria, e viam que os seus patrões só tinham para lhes dar austeridade e repressão. Os patrões e o governo tinham para lhes dar a mesma coisa, pois eram basicamente as mesmas pessoas. Não por acaso, foi a época áurea do anarquismo, um movimento que era socialista (contra os patrões) e libertário (contra o governo).

Estamos hoje numa situação semelhante. Nenhum boa ideia sai dos nossos governos. E as pessoas começam a perguntar-se para que servem eles.

ruitavares.net/blog

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

A política morreu porquê?


No passado dia 29/12/2011, Ricardo Araújo Pereira fez parte do terceiro painel do ciclo «Desconferências», subordinado ao tema «O Fim da Crise», no Teatro S. Luiz, em Lisboa. Texto da sua intervenção (ou parte dele), recebido por mail:

A política morreu porquê?

Várias hipóteses:

1. A primeira é a de que morreu porque deixou de ser necessária. O sonho dos nossos antepassados cumpriu-se. Os portugueses vivem hoje num país nórdico: pagamos impostos como no Norte da Europa e temos a qualidade de vida do Norte de África.

Somos um País onde nem Américo Amorim se acha rico. E porquê? Porque somos dez milhões de milionários. Temos a vida que os milionários têm. Cada um de nós tem um banco e uma ilha, é certo que é o mesmo banco e a mesma ilha, que é o BPN e a Madeira, mas todos os contribuintes são proprietários de um bocadinho.

2. A outra hipótese é: não há política porque só há economia. E enfim, a teoria medieval concebia apenas duas formas de governo: na primeira, o fluxo do poder era ascendente. O poder emanava do povo e o povo delegava nos seus representantes. Na outra forma de governo, o poder fazia o percurso inverso: emanava do príncipe e o príncipe delegava nas outras figuras do Estado. O nosso modelo é um híbrido, no sentido em que do povo emana o poder para eleger os representantes na figura de pessoas como Miguel Relvas e o seu vice-primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho. E há depois o príncipe, que é a troika, do qual também emana poder. E a troika delegou o poder nas mesmas pessoas. Portanto, há um engarrafamento de poder nesta gente e, como é evidente, o poder que vem de cima é mais forte do que aquele que nós mandámos para lá e é isso. O poder deles tem mais força. E o nosso... voltou para trás.

Há problemas no facto de a política ter morrido:

1. O primeiro é: a política percebe-se. Já a economia é muito mais difícil de compreender. Eles simplificam, isso é verdade. Por exemplo, primeiro os mercados começaram a dizer que nós éramos PIGS: Portugal, Irlanda, Grécia, Espanha. PIGS, porcos! Depois disseram: Portugal é lixo. É uma metáfora muito repetitiva, mas é clara. Facilita a compreensão. Reparem, eu não sei ao certo o que é o "subprime", nem o que são "hedge funds", mas quando uma pessoa me diz: "tu és lixo", eu percebo do que está a falar. Eu sei exactamente. Claro que é triste esta liberdade vocabular não ser permitida a quem está em baixo: a gente vê uma manchete a dizer: "mercados consideram que Portugal é lixo", mas é impensável, na página seguinte, ter: "Portugal vai tentar renegociar a dívida com os chulos". Isso não nos é permitido. Eles têm o capital financeiro e o capital semântico, tudo o que é capital, açambarcam, isto torna a vida difícil.


Mas também há vantagens no facto da política ter morrido:

1. Saiu agora um estudo que diz: "Portugal é uma democracia com falhas". Em primeiro lugar, é importante elogiar um grupo de cientistas políticos que é tão eficaz que consegue olhar para Portugal e ver uma democracia com algumas falhas, e não uma falha com alguma democracia. É inquietante sermos uma democracia com falhas porque, até agora, éramos uma democracia sem falhas. Nós éramos felizes e não sabíamos.

2. Depois, levanta-se outra questão, que é saber se se pode dizer democracia com falhas. Eu estava convencido que a democracia ou é ou não é, no sentido em que também não se pode dizer "ele é ligeiramente pedófilo, ou ele estava mais ou menos morto". Ou está morto ou não está! O facto de sermos uma democracia com falhas põe outro problema mais inquietante: a partir de quando é que uma democracia com falhas passa a ser uma ditadura com qualidades?

3. Outras vantagens: assim que Passos Coelho foi eleito, nós deparámo-nos com um problema interessante: Passos Coelho nunca fez nada na vida a não ser política, JSD, por aí fora. O homem licenciou-se com 37 anos, esteve ocupado a tratar de coisas políticas. No entanto, não tem experiência política nenhuma, o que é difícil para um homem que só fez política na vida. Lá está, ele teve empregos, mas só em empresas administradas pelo Ângelo Correia. O primeiro emprego que teve que não foi arranjado pelo Ângelo Correio, foi este, que nós lhe arranjámos. Passos Coelho acaba por ser uma inspiração para todos os desempregados. É possível, sem grande currículo, com alguma sorte, arranjar um emprego, desde que, lá está, o outro candidato seja... o Sócrates. Para quem tem pouca experiência, governar com a troika é como andar de bicicleta com rodinhas e, portanto, tem esse lado vantajoso.

4. Paradoxalmente, o nosso voto tornou-se mais importante. Antigamente votávamos nas eleições nacionais portuguesas, hoje votamos nas regionais alemãs.

5. E é excelente por questões de respeito. Por causa da senhora Merkel. E digo senhora Merkel com propriedade. Não dizemos o senhor Sarkozy ou o senhor Obama. Nunca. Mas senhora Merkel dizemos. E temos em português aquela expressão, quando nos referimos ao passado: "o tempo da outra senhora". Este é o tempo desta senhora. Saiu uma senhora e entrou outra senhora.

Queria acabar dizendo que há esperança para nós. Porque a política parece ter morrido, mas ainda há réstias de política. Vou dar dois casos:

1. O assassinato político voltou e isso significa que há política. Em 1908 mataram D. Carlos. Em 2011 foi abatido a tiro, também por razões políticas, o pórtico da A22. Há qualquer coisa no início dos séculos que excita o gatilho dos conspiradores. E alguém leva um tiro. Enfim, podiam ter morto o rei, mas entre D. Duarte e o pórtico, os atiradores optaram, e bem a meu ver, pelo que politicamente era mais relevante. E deram uma chumbada na portagem.
2. A segunda razão pela qual devemos ter esperança é este incentivo à emigração constante, que é de facto uma medida política. Geralmente, o programa xenófobo, que é vasto e rico, consubstancia-se na frase "vai para a tua terra", dita aos imigrantes. O nosso Governo tem este programa ligeiramente diferente que é: "sai da tua terra!", dito aos nativos. Fica difícil saber para quem é esta terra afinal. Eu quero sugerir o Brasil como um destino interessante para nós. O Brasil é uma terra de oportunidades e possibilidades de riqueza, como demonstra o caso inspirador do Duarte Lima.

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Anonymous

por Pedro Viana


Nathan Schneider aborda neste texto as similitudes ideológicas entre o colectivo Anonymous e o movimento Occupy. Tal como já tinha referido aqui, ambos são sintoma de uma mudança fundamental na ideologia prevalecente, sobretudo entre as gerações mais recentes. Depois de, durante várias décadas, a ideia de comum e colectivo ter perdido força, em detrimento dum individualismo egoísta, exacerbado e exibicionista, assistimos ao seu renascimento por via das possibilidades colaborativas abertas pelo desenvolvimento digital. Não estamos, no entanto, a voltar às ideologias colectivistas dominantes durante grande parte do século passado, que advogavam a manutenção (mesmo que por vezes apenas "transitoriamente") de estruturas hierárquicas de Poder. Como Nathan Schneider descreve neste seu outro texto,

"(...)in the words of Occupy Wall Street’s Principles of Solidarity, the basic unit of political life is not the ballot box but “autonomous political beings engaging in direct and transparent participatory democracy.” Though they might be wired to the teeth, the political beings of Planet Occupy carry out their democracy face to face, in well-coordinated small groups that operate by consensus. It’s “participatory as opposed to partisan,” adds the Statement of Autonomy, suggesting that the aim on Planet Occupy is for all voices to be heard, rather than for one party to prevail over others. Those with “inherent privilege” defer whenever possible to others. The consolidation of power is discouraged, and resisted when necessary.(...)"

Não é assim surpreendente alguma dificuldade de comunicação e entendimento entre as novas estruturas em desenvolvimento, e os tradicionais colectivos de resistência à ordem prevalecente, como partidos e sindicatos. De entre os novos colectivos, Anonymous destingue-se pela sua radicalidade (não-)organizativa, e pela sua capacidade para minar a resposta repressiva do sistema, destabilizando as suas linhas de comunicação e tornando transparente o seu funcionamento. Gabriella Coleman publicou recentemente um interessantíssimo texto sobre o colectivo Anonymous, do qual destaco o parágrafo final:

"One of Occupy Wall Street’s most powerful gestures has been to position its radically democratic decision-making process, represented by the agora of the General Assembly, against the reining corporate kleptocracy. Though this brand of horizontalism has a rich history with many roots, there is a particularly strong resonance in the relationship between the formal structure and the political aspirations of Anonymous. And Anonymous is organized not only around a radical democratic (at times chaotic and anarchic) structure but also around the very concept of anonymity, here constituted as collectivity. The accumulation of too much power—especially in a single point in (virtual) space—and prestige is not only taboo but functionally very difficult. The lasting effect of Anonymous may have as much to do with facilitating alternative practices of sociality—upending the ideological divide between individualism and collectivism—as with attacks on monolithic banks and sleazy security firms. This is the nature of the threat posed by Anonymous, and it is aptly symbolized by the Guy Fawkes mask: a caricature of the face of a sixteenth-century British failed regicide and the namesake of a holiday marked by bonfires celebrating the preservation of the monarchy; used by a dystopian comic book and then Hollywood film as the visage of anarchist terrorism and now turned into an icon of resistance—everything and nothing at once."

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Crónica de despedida de Raquel Freire

Bom dia a todas e a todxs.

Um das bases fundadoras da democracia é a liberdade, e foi em nome da liberdade que eu fui convidada para fazer esta crónica na antena 1, há 2 anos.

Fui informada de que hoje é a última vez que vos falo. Tenho diante de mim 2 grandes profissionais da rádio, o Ricardo Alexandre e o António Macedo, com quem tive a honra de partilhar o inicio das manhãs de 3ª feira e com quem aprendi muito, como aprendi com outros que não estão aqui, como a Alice Vilaça e o José Guerreiro, que fazem um excelente serviço público. 
A minha crónica era um espaço para mostrar o que de novo de passa em Portugal e no mundo. Para a fazer todas as semanas tive que estudar economia, sociologia, ecologia, política, história, a história do nosso país e a história das pessoas no mundo, como é que nós evoluímos, como é que nós saímos das cavernas e conseguimos hoje construir a paz, sistemas democráticos, como a longa luta pela justiça social e por uma vida digna foi decorrendo ao longo do tempo. Estudei como as pessoas que vivem aqui construíram este país, e como as que querem continuar a viver aqui e não querem ser obrigadas a emigrar podem lutar para defenderem os seus direitos e a democracia.

Ao longo dos 2 anos de fazer as crónicas, o número pessoas me escreviam no fim de cada emissão, na net, por mail, por carta, por mensagem, aumentou semana a semana. Para além do trabalho de investigação que fazia para cada crónica, comecei a dar voz ao que sentia e ao que as pessoas, cada vez mais pessoas, me escreviam.
As pessoas que me escreviam são as pessoas que vivem em Portugal, que estão a sofrer o ataque mais violento aos seus/nossos direitos fundamentais desde o 25 de Abril de 1974. Direitos que estão na nossa Constituição e que são a base fundadora da nossa democracia.
A nossa democracia está a ser atacada, e denunciar estes ataques e quem está a atacar os nossos direitos, a nós cidadãos, pessoas, e encontrar e propôr soluções concretas para sairmos desta crise foi sendo imperioso para mim. Porque cada vez mais as pessoas me escreviam no fim das crónicas, desesperadas, atiradas para a precariedade e para a pobreza, sem saberem como se defender. Fui a porta-voz de muitas pessoas que não têm voz, que encontro no metro, na rua, na mercearia, na escola.
Isto é uma radio pública. Paga com o nosso dinheiro, do nosso trabalho, do esforço que as gerações antes de nós fizeram, do esforço que todos fazemos para podemos viver em liberdade.
Para que serve uma radio pública ? Para que serve o serviço público?
Para dar voz às pessoas, para ser a expressão do que pensa um país, na sua diversidade e complexidade, nas suas diferentes opiniões ? ou para ser a voz do dono ? o serviço público tem como missão informar, e como tal tem que informar os ataques à nossa democracia. 

Tive a honra de partilhar este tempo com o Pedro Rosa Mendes, o António Granado, o Gonçalo Cadilhe, a Rita Matos, um tempo de diversidade, como deve ser o serviço público.
Numa democracia o serviço público serve para ser a voz das pessoas. Numa ditadura serve para ser a voz do dono, ou seja do governo. Na nossa situação actual, temos um governo que nos manda a nós portugueses emigrar, e ataca os nossos direitos fundamentais. Por isso a rádio pública ser a voz do governo, não é sequer ser a voz daqueles senhores que alguns de nós elegeram, porque este governo é a voz da chaceler alemã, é a voz dos banqueiros alemães.

Os governos deixaram de nos representar, obedecem ao governo alemão que obedece aos banqueiros. E este sistema não funciona, estas medidas de austeridade não podem funcionar, porque são uma desculpa para irem destruindo aos poucos a democracia. E sem democracia entramos nas ditaduras disfarçadas onde temos mais pobreza, mais injustiça social, mais corrupção. Este sistema não serve as pessoas, serve os banqueiros. Por isso temos que criar novas formas de nos organizarmos e vivermos em sociedade.

Em muitos sítios do mundo há já projectos para tentar refundar a democracia, da Islândia, aos EUA, ao Brasil. Que têm a mesma ideia de base: os cidadãos não podem confiar mais na democracia representativa, porque ela já deixou de ser democracia, deixou de representar as pessoas. As pessoas, nós, temos que nos informar e juntar com amigos, colegas, vizinhos, no trabalho, na escola dos filhxs, no bairro, na associação, na junta de freguesia, na colectividade, vamos ter que nos juntar e auto-organizarmo-nos. Vamos ter que ser nós, pessoas, a estar à altura da gravíssima situação que vivemos, porque quem nos governa não está.

Como povo, passámos tempos piores do que este e soubemos levantar-nos do chão. Apesar daqueles que nos deviam liderar nos dizerem que nada valemos, somos melhores do que eles pensam. Somos melhores do que nós próprios pensamos. Nós não estamos condenados a esta humilhação. 
Sim, sairemos da nossa zona de conforto. Não para emigrar, mas para, como, cantava o Sérgio Godinho, fazer outra terra no mesmo lugar. Não será seguramente com esta gente. Será com gente que nos represente. Nós saberemos encontrá-la. Não desanimamos nem desistimos. Porque não há luta sem esperança, nem esperança sem luta.

Por isso 2012 é o ano dos desafios, de apresentar e operacionalizar as alternativas. De ganharmos coragem e responsabilidade. É o ano de perdermos o medo.
É a minha última crónica, não vos digo adeus, digo-vos até já, vemo-nos nas ruas.
Raquel Freire, Lisboa, 24 1 2012.


www.youtube.com
Crónica de despedida de Raquel Freire, cronista no programa "Este Tempo", da Antena 1 que foi cancelado por motivos políticos em Janeiro de 2012

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Amor Descartável


14732421: Mas alguém morre de Amor hoje?
11161060: Compreendo a tua questão à luz da actual filosofia. Numa época em que se troca de amante como quem troca de blusa, como se pode morrer de Amor?

Por um lado, morre-se por qualquer razão hoje em dia. Por que não por Amor?

Por outro lado, acredito ser triste consequência de uma sociedade de rápido consumo, uma visão funcional do Amor. “Se não me serve mais, que vá para a reciclagem. Venha o próximo modelo”. Este torna-se o nosso principal padrão de interacção com o mundo, e logo, com o outro.

Todos os produtos se encontram numa estante ou montra ao alcance da mão. Para quê agarrar-nos a um velho e desgastado modelo de telemóvel ou amante, se é tão fácil mudar de, recomeçar numa folha em branco.

Todo o produto é temporário, e visa a satisfação das necessidades pessoais. Nesta equação simplista, basta pôr a palavra “Amor” sobre a palavra “Produto”.

Esta Sociedade do Consumo, é igualmente, e há bem mais tempo, uma Sociedade do Trabalho.

O Trabalho, que ainda há 20 anos atrás, era uma posto a ocupar para o resto da vida, é agora um barco em constante naufrágio, no qual “saltar para fora” se tornou uma Questão de Sobrevivência.

Antes, parecia normal comprar casa, fundar família. Era desejável que o Amor durasse, tal como o Trabalho e a Casa.

Agora, Trabalho Precário, Vida Precária, Amor Precário.

Quase ninguém pode comprar uma casa. Mesmo que tenha acesso a um crédito, quem poderá dizer com segurança que estará a trabalhar no próximo ano? Quem poderá dizer que não terá de emigrar para o outro lado do Mundo?

O cidadão adaptado terá que viver um Amor adaptado. Logo, Descartável.
Se Rejeitar adaptar-se, terá de prescindir do Amor, em sua versão Romântica, adoptando o Celibato Emocional, ou arriscar-se à Insanidade Mental/Morte, preço lógico da sua inadaptação

14732421: Acreditas então que se pode morrer de Amor?
11161060: Todos os dias, de Amor e tantas outras coisas. Mas nem tudo é mau, nem tudo é desespero.

Verdade que, por mais vezes do que seria desejável, morre-se de Amor, por abuso de drogas, suicídio na estrada, comportamento auto-destrutivo multivariado.

Outros morrem apenas para a Sociedade. Desaparecem na insanidade mental, em hospícios, ou como eremitas, numa paisagem remota, longe da vista do Amor.

Existe ainda uma terceira categoria de desesperados românticos, de inadaptados amantes, que morre apenas dentro de si, intimamente, psicologicamente. Perdem-se infindas vezes no deserto do desespero.

No entanto, por inacreditável magia ou ancestral vitalidade, seus corpos sobrevivem ao naufrágio da alma, e ganham nova vida à luz do Sol.

Renascem, pouco a pouco, Filhos da sua própria Dor.
Um penoso processo de Renovação Psíquica. Renascem para voltar a Amar, arriscando perder tudo, novamente.

Torna-se assim claro, que Amar com total entrega é um luxo para poucos.

Mas o que é uma Vida sem Amar assim?

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

sonho e exílio

"Começou com uma pessoa, como que electrocutada. Transformou-se numa estrutura de raios azuis e brancos, como se de um acidente inesperado se tratasse... logo em seguida contagiando as pessoas mais próximas, e daí contagiando mais pessoas, até todo o globo estar coberto por uma humanidade de azul eléctrico... e, num piscar de olhos, o eixo da Terra muda."

Este texto é um sonho que tive há muito pouco tempo... um sonho com cor, o que é muito estranho, principalmente depois de dormir só 5 horas após o ano novo... muito vivido, acordei em Lisboa com o coração acelerado... metafórico, suponho...

Não são raros os sonhos apocalípticos, são raros os sonhos com cor, os sonhos que podemos lembrar em noites poucos descansadas, depois de consumos de álcool exacerbados, sonhos que nos acordam em grande alvoroço, sem serem necessariamente pesadelos.

Não parece ser um Apocalipse o significado subjacente a este sonho, mas uma mudança drástica, uma mudança nunca antes experimentada por nós, uma mudança cujo cronometro não seja exactamente os alinhamentos galácticos, mas antes a humanidade, a sua transformação interna. Uma mudança para muito breve.


Talvez o sonho se refira apenas a mim, embora não acredite muito nisso (a visão de um globo terrestre desmente-o)... mas talvez se refira apenas a mim, já que pretendo sair do país muito em breve.

Não suporto mais este sonho podre, este estado zombie do cidadão português, que tudo pode fazer, mas prefere ficar no sofá frente à televisão, queixando-se entre dentes, indo, no máximo, uma ou duas vezes a Lisboa, desfilar na Avenida da Liberdade, sonhando agredir ou ser agredido por um bófia, ser tão miserável quanto ele.

Para trás ficam golpes de Estado, únicos momento de relativa mudança na história deste país, e reformas agrárias, projectos que permitiriam a auto-subsistência de largas parcelas da população, porque não dizer, do país, bem como reformas fiscais orientadas para uma maior justiça e igualdade social.
Para trás ficou a soberania do país e do cidadão.

Flutuamos assim na ilusão de uma possível mudança pacifica para algo melhor, que ninguém possui a coragem de especificar.

Eu não possuo mais energia para ilusões. Quando este Povo desejar verdadeira mudança, e construir essa mudança com suas próprias mãos, livre de potências estrangeiras e demagogias liberais, eu poderei voltar. Não esperarei, nem deitado... é grande, o mundo, e eu preciso dar corda ás minhas pernas.






Somebody's sea
Swallowed by evil
Already gone
You and me
Watching the sea
Full of people
Already drowning