Foi bom encontrar tantos de vós na Praça do Sertório a 15 de Outubro, em Évora. Foi incrível reconhecer tantos de vós, quase todos professores, de média e longa carreira. Vários foram meus.
Também eu estou muito triste com os cortes nos vossos subsídios de natal e verão. Tal dinheiro, que vocês iam gastar por aí, iria gerar o emprego precário, os biscates, que talvez eu conseguisse agarrar, trabalhando assim alguns meses por ano. Vou sentir a falta desse "emprego".
Mas ouvindo as vossas palavras, vendo as vossas caras de indignação, eu não deixo de olhar através dos olhos de um licenciado desempregado. Até onde irão vocês, que sacrifícios farão para mudar este "estado de coisas a que chegamos", se vocês estão tão envolvidos e integrados nesse mesmo estado de coisas... o que poderão vocês fazer para além de manifs de Sábado à tarde?
Desculpem o "vocês", não quero desintegrar o "Povo", mas entre aquele que têm emprego há mais de uma década, e o eterno desempregado/precário, existe uma diferença grande, que o vosso sistema político "democrático" tanto apoiou, entre governos PS e PSD/CDS. Eu vivo com essa diferença todos os dias.
Poderiam "vocês" ocupar a ruas à volta do Parlamento português, sem desmobilizar durante semanas, obrigando qualquer governo aí residente e cúmplices a renegociar o acordo com a "terrível" tróika", de modo a orientá-lo para a sustentabilidade de um grande numero de empregos que estão a desaparecer, para além de exigir verdadeira justiça em relação aos "culpados" nacionais (dentro dos Bancos, e nos governos do passado) pela crise actual do país, mantendo ainda alguns dos vossos privilégios de "carreira", para que possam gastar e criar a precariedade em que eu vou sobrevivendo?
Até onde estão dispostos a ir para mudar a nossa realidade? Arriscarão os vossos empregos, o sustento dos vossos filhos? Talvez, se não quiserem que o vossos filhos sejam obrigados a emigrar, como eu irei fazer, mais tarde ou mais cedo.
É preciso MAIS.
Mais da vossa parte. Mais acção, mais eficiência de acção. O quebrar dos mitos económico-políticos actuais, uma revolução da vossa mente.
A 26 de Novembro encontrar-nos-emos novamente nessa mesma praça. E pedir-vos-ei uma resposta.
Até breve...