"De todos os documentários já feitos sobre John Lennon, este é o que ele amaria", disse Yoko Ono, a viúva do artista, sobre o documentário de David Leaf e John Scheinfeld.
O ex-vocalista dos Beatles usou sua fama e fortuna para protestar contra a Guerra do Vietname e lutar pela paz mundial. O documentário mostra a transformação do artista em activista social e relata como o governo norte-americano tentou silenciá-lo e expulsá-lo do país.
Focando-se no período de 1966 a 1976, o documentário aborda ainda a luta pelos direitos civis, a nova esquerda e os movimentos políticos, a decepção com o governo Nixon, o caso Watergate. O filme é costurado com depoimentos de pessoas importantes da época, como os activistas afro-americanos Angela Davis e Bobby Seale, os jornalistas Carl Bernstein e Walter Cronkite, o veterano do Vietname e activista Ron Kovic, o historiador e novelista Gore Vidal, entre outros.
Mas Lennon é a presença central do documentário. Ele surge como uma pessoa de princípios, engraçado, um jovem extraordinariamente carismático, que se recusa a ficar calado frente às injustiças. Yoko Ono, ao contrário da imagem feita pela imprensa e pelos fãs, surge como factor agregador e importante nas decisões políticas do músico.
Como o escritor Gore Vidal bem resumiu, Lennon, no início dos anos 1970, representava a vida, enquanto Richard Nixon e George Bush pai eram a morte. Disse então Lennon: O tempo fere todas as curas. Infelizmente, seu sonho, que foi calado ao som de tiros, é até hoje a prova da lucidez dessa afirmação.