sábado, 16 de janeiro de 2010

Plataforma “Cidadania e Casamento”



Foi com grande pesar e frustração que a plataforma “cidadania e casamento”, que pretendia levar, a referendo popular, a proposta de legalização do casamento gay do PS, verificou que todo o parlamento de esquerda ignorou os seus pedidos, levando os responsáveis da plataforma a inferir que os deputados negaram-lhes o direito a uma democracia mais participativa, do povo para o povo.

Tudo muito bem. Concordo aqui com a dita plataforma (termo que lembra os ideais acratas dos movimentos anti-globalização, mostrando o desejo dos conservadores em ser modernos quando lhes convém).

No entanto, porque não exigiram igualmente referendos aquando da entrada de Portugal na CEE, ou no sistema monetário europeu, ou Euro, ou ainda na aceitação do tratado de Lisboa, momentos decisivos estes cujos efeitos e implicações ultrapassam, e muito, as exigências de uma minoria ao acesso a uma instituição tão antiga como o casamento, evocando o direito á igualdade entre cidadãos?

Será tão importante assim que o casamento se estabeleça apenas entre homem e mulher, com o objectivo único de procriarem, à boa moda bíblica?

Ou o Casamento é uma questão de “Status Quo”, status este ameaçado pela abertura de acesso aos gays, indivíduos de casta inferior, que poderão diminuir este status do casamento, diminuindo igualmente o status de todos os casados?

Ao ser verdade esta hipótese, está explicada a exigência desta plataforma, que tinha já, como objectivo, a vitória do não no dito referendo, alimentada por todos os casados receosos de cair, ainda que pouco, na grande pirâmide das classes sociais.

A saúde do Casamento depende do trabalho e dedicação de cada casal, e não do parlamento. Felizmente.

Sou a favor dos referendos e da participação directa dos cidadãos nas escolhas do seu rumo como povo? Sou sim, mais não poderia ser.
Mas esta plataforma só prova o quanto conservadores, preconceituosos e defensores de uma estrutura social profundamente desigual nós somos. Nós portugueses.
Todos nós.