terça-feira, 15 de junho de 2010

O CAPITALISMO SOMOS NÓS parte IV

No tempo em que temos vivido há uma narrativa fundadora de onde nascem todas as mentiras. Essa mentira chama-se dinheiro, capital.

O dinheiro não é outra coisa senão o trabalho. Uma forma de quantificar e qualificar o trabalho.

Uma maneira de separar as pessoas entre aquelas que podem mandar fazer e as outras que têm que fazer o que lhes mandam.

É nesse sentido que o dinheiro é o poder. É uma narrativa que organiza e complexifica o mundo de tal maneira que separa as pessoas da possibilidade de se alimentarem sozinhas. Para comer e satisfazer as suas necessidades mais básicas têm que fazer as tarefas que aqueles que podem, porque têm mais dinheiro, lhes mandam fazer.

Têm que trabalhar, não só para comer, mas também para poder mandar outros fazer as coisas de que precisam.

Essa mentira - que começou por ser uma brincadeira entre gente que só queria trocar batatas por cenouras - já se desenvolveu e se intensificou com um tal grau de sofisticação que contaminou, colonizou todos os momentos da nossa vida. Ao ponto de se tornar uma imagem de si própria, uma imagem da mentira.Uma mentira que se tornou autónoma da realidade, abstracta.

Hoje ela diz-nos que todos os seres humanos têm que realizar trabalho, produzir dinheiro.
Já esquecemos onde é que começou nem sabemos porquê, já não interessa.